Olá Marcelo,

Não se trata exatamente de a Microsoft não estar enxergando este mercado, já realizamos um evento, pela FoxBrasil e Microsoft, com o objetivo exato de reunir desenvolvedores, especialmente em Clipper, com o desejo de migrar suas aplicações para Windows, neste evento foi apresentado o VFP como ferramenta natural para a migração. O ponto principal para isto foi o fato de o VFP seguir alguns padrões da programação xBase, embora ofereça um universo muito maior.
A Microsoft pode até receber uma parcela de culpa por isto, mas a função dela de prosseguir o desenvolvimento de uma ferramenta de qualidade, esta foi mantida, e com louvores.
O Clipper foi a ferramenta que mais foi difundida no mercado exatamente pela facilidade de programação que oferecia. Claro que o dBase contribuiu com isto, e o fator que fez o Clipper deslanchar em relação ao dBase, me corrija se eu não estiver enganado, foi a tal geração de programas EXE.
Na verdade, os programadores que vieram do dBase, optaram pelo Clipper por isso. Mantinham um mesmo código do dBase e que era compilado pelo Clipper.
Bom, como a programação segundo os padrões do dBase era fácil e o PC se proliferou desordenadamente, desde os Apples, TRS-80, MSX, muitas escolas começaram a surgir. Escolas técnicas e as data-esquinas com cursinhos profissionalizantes, com uma necessidade enorme de ensinar rapidamente a todo custo começaram a atirar usando o Basic. Aquele universo de linhas de computadores e a necessidade de uso de uma ferramenta com cara mais comercial favoreceu a entrada do dBase no mercado de usuários de PC.
Começaram então a aparecer as software-houses por todo lado, formada por "profissionais" que em 30, 40 horas aprenderam a usar o dBase. Estas "empresas" encontraram no Clipper, a "grande" vantagem da geração do EXE e, desta forma, "protegiam" seu código-fonte.
Isto fez realmente com que o Clipper fosse sub-utilizado em muitos casos. Não digo que todos trabalharam de uma forma inadequada, mas certamente a maioria o fez.
Isto tudo gerou um perfil de profissional acomodado, pois encontrava no dBase e no Clipper tudo o que ele queria, e sem muito esforço.
Quando surgiu o FoxBase, me lembro que muitos adeptos correram para ele, pois tinha a cara do dBase e a performance do processamento era bem superior ao Clipper. Como não houve necessidade de grande esforço, muitos foram para o FoxBase, alguns até desconfiados. Porém, quando surgiu o FoxPro, a demanda de programadores para ele foi bem menor, pois nesse caso já exigia um esforço maior para compreensão da ferramenta, pois a cara era diferente e o código não era compilado em Clipper.
Eu não estou malhando os programadores em Clipper, eu fui programdor Clipper até 91, mas mesmo as atualizações de versão no próprio Clipper também enroscaram. Muitos programadores até hoje usam o Clipper Summer'87 e se negam até a usar o Clipper 5, por exemplo.
Bom, o VB veio como algo novo e o Delphi também chegou ao mercado no mesmo contexto.. Muitos viram que precisavam mudar de vez e correram atrás de outras ferramentas, principalmente as instituições de ensino. Mas isto por que enxergavam de forma errada, ao meu ver, que se continuassem batendo naquela tecla não teriam sucesso. Pois as ferramentas xBase foram vistas como ferramentas inseguras, que davam pau a todo momento e por aí afora, mas de quem é a culpa? da CA? da MS? ou dos programadores? Ora, o Cobol tem "séculos" de existência e seu programa não dá pau... escutei muito isto.. mas onde se ensinava o Cobol? Havia uma proliferação de ensino do Cobol por tudo quanto era escolinha de esquina? A resposta é não.. Algumas escolas até ensinavam, mas o mercado era seleto quanto à contratação de um profissional Cobol... O Cobol não era tão fácil de ensinar quanto o dBase.. então o investimento era no dBase, no Clipper.. o retorno era mais rápido.. o aluno saia satisfeito com o pouco que via e pronto.. depois disso, com o Windows, veio exatamente o VB, o Access, o Delphi... muito mais fácil encontrar estas ferramentas por aí.. chega em uma escolinha e te ensinam o VB.. ótimo.. isto não é ruim.. E acontece o que estamos sempre vendo.. (na comunidade VFP) o programa em VB é ruim, o programa em Delphi é ruim.. o VFP é que é bom.. quem definiu isto? ou, se não me engano, quem faz o programa é o programador, tanto o VB, quanto o Delphi e o VFP oferecem recursos que devem ser explorados pelo programador.. ele, o programador, é quem tem que fazer o programa ser bom.
Conheço muitos programas excelentes em VB e também em VFP.. assim como o contrário tanto em VB quanto em VFP..
Bom.. viajei muito na resposta.. eu ia apagar parte dela, mas resolvi deixar.. em resumo o que quero dizer é que engana-se quem imagina que o VFP não é tão usado por aí.. e coloco algumas questões:
Quem afirma que o VFP veio apenas para substituir o Clipper?
Será que a ferramenta ideal para substituir os programas em Clipper, que rodam por aí em bazares, restaurantes, locadoras de video é o VFP?

Abraços