Minha formação profissional começou com Cobol nos anos 70.
Até então, usei uma série de ferramentas que na essência cumprem
o mesmo papel daquelas que hoje estão disponíveis para o nosso
trabalho. Também fui esfregador de bits, quando desenvolví um
sistema de controle financeiro para o primeiro micro lançado no
Brasil, o Unitron de 8 bits usando o assembler do processador 6502,
cujo compilador foi por mim desenvolvido (pois não havia nenhum a
não ser o basic em ROM) e o banco de dados era gravado em disquetes
de 5".

Com o advento do CPM, desenvolví o primeiro gerenciador de banco
de dados usando ASTEC C, baseado no DBMS IMS da IBM,
pois o DBase ainda não existia.

Foi um enorme esforço para fazer aquelas máquinas de 128K de memória
fazerem alguma coisa útil para o usuário.

Todo esse trabalho foi perdido, pois o mercado determinou que o padrão
seria PC com SO DOS que evoluiu para o Windows. Jurei para mim mesmo
que se tivesse que recomeçar não mais iria trabalhar num ambiente
que não tivesse massa crítica, ou seja, que tivessem poucos usuários.
Então veja, não é uma questão de marketing e sim de mercado. Além
do que o patrimônio em códigos foi jogado no lixo. Horas e horas
de trabalho, cujo conhecimento serviu apenas para gastar mais horas
de programação para adaptar aplicativos para um novo código.

Em 1995 estive em Phoenix, Ar, no DevCon da revista FoxPro Advisor,
encantado com o lançamento do Vfp3. Lá encontrei o Griver, Ken Levy,
Tamar Granor, etc... e uma plateia enorme que assistiu entusiasmada
as facilidades que tínhamos a disposição. Hoje nem eles estão mais
trabalhando no Vfp.

Passados 11 anos, vejo novamente, de forma melancólica que os usuários
do VFP estão indo à mingua, não existem novas literaturas, as comunidades
estão apáticas, enfim tudo parece estar acabando.

Também não me importo em fazer o cliente economizar equipamento, pois
aprendí que quando você menos espera, ele atualiza sua plataforma
com máquinas de última geração e então você pensa, ótimo, pelo menos
agora meu software corre rápido, mas aquelas funções, que não incorporei
no produto para economizar recursos, agora irão me fazer falta.

Entendo muito bem seu ponto de vista, também não optei ainda pelo
.Net, mas as poucas tentativas que fiz para implantar algum procedimento
não me custou nenhum centavo. Usei o .Net Framework SDK e gerei o
run time em máquinas Windows 98 2nd Edition com 64 M de memória e que
executa muito bem, inclusive fazendo uso do XML (com parcimônia, claro).
O usuário só reclama do setup do just in time.

Então existem alternativas baratas para se trabalhar a questão.
Também não sou fâ da MS, mas admiro o esforço das comunidades de usuários
em busca de soluções criativas para sua evolução profissional, atraves
do uso de uma plataforma com ampla aceitação, como o Windows.

Nossos caminhos são diferentes, com excessão do Vfp, que alias ainda
será muito útil para mim, mas apenas para manter o que já foi feito.
Acredito até que o Sedna possa fazer o meio de campo tecnológico
e estender a vida útil do produto para além de 2014.

Entretanto, se tiver que desenvolver um novo aplicativo a partir do
zero, certamente não será em Vfp.