** mensagem longa

Olá, Fernando.

>Outra pergunta: qual é o perfil do típico desenvolvedor brasileiro?

Interessante thread. :)

Vou fazer algumas colocações, que não afirmo serem verdades absolutas, e sim um ponto de vista formado nos últimos anos, e fermentado por feedback que recebo de diversas pessoas da comunidade.

Há poucas semanas atrás, li em algum lugar (não consigo me lembrar a fonte), de que o Brasil vai de mal a pior na exportação de software. Simplesmente, quase não exporta mais software. Sabe por que? Porque a maioria dos desenvolvedores ainda utilizam técnicas antigas de desenvolvimento, e com isso, não conseguem produzir soluções que antendam às necessidades de outros países.

Sem dúvidas, a porta de entrada dos clippeiros no VFP, é o fato de que pode aproveitar, sei lá, uns 85% do conhecimento e código existente, por causa do padrão XBase do VFP. E o VFP é tão maravilhoso que permite a nós irmos aprendendo aos poucos os conceitos mais intermediários e avançados, substituindo aos poucos o código antigo, sem ter que jogar tudo fora e começar "do zero".

Mas, infelizmente, o desenvolvedor brasileiro vem do clipper para o VFP, e continua vivendo com o raciocínio clippeiro, e não se preocupa em evoluir. Me desculpem, mas dizer que falta tempo, cursos, dinheiro, eu não considero uma boa resposta. Quando comecei no VFP, minha primeira aplicação era Clipper puro. Mas revirei o help, e vi que a ferramenta apresentava muito mais. Com um pouquinho que estudava sozinho todo dia, estudando os exemplos que vêm com o VFP, fui evoluindo. Não gastei dinheiro, e nem absurdos de tempo.

Sobre novas tecnologias e tudo mais, ressalto alguns pontos:

Tem coisas que não são mais "novas tecnologias". Por exemplo: OOP não é uma "nova tecnologia". OOP é um conceito que já existe a uns 30 anos, e não foi inventada pela Microsoft (que ainda nem existia), e já foi inserida na primeira versão do VISUAL FoxPro, há 8 anos atrás. E se o Visual Studio.NET é completamente baseado em OOP, esta não é uma "tecnologia" que será descartada amanhã.

N-Tier, quase a mesma coisa. Windows DNA é uma tecnologia da Microsoft, que auxilia na arquitetura N-Tier, mas quem participou do grupo de estudos, viu que podemos criar uma pequena aplicação N-Tier com apenas 1 (UM) PRG. Ou seja, não precisa de imensos servidores e aparatos tecnológicos. É apenas uma forma diferente de projetar a aplicação.

XML. XML é uma "tecnologia" nova (tem poucos anos). Mas, é uma tecnologia já amplamente adotada e aceita mundialmente, e pelo fato de ser "cross-platform", ou seja, para qualquer plataforma, é e será mais aceita ainda. Os benefícios obtidos com XML são inúmeros, e não dá pra escapar.

Aplicações Web (ASP.NET, Web Services, Etc.): Como fugir de aplicações Web?? Impossível. Quem quiser fugir, terá de ir viver em uma ilha. :)
E é impossível desenvolver aplicações Web com código procedural.

Sem dúvidas, é difícil saber qual tecnologia "vai e qual não vai". Mas podemos perceber algumas coisas. Por exemplo: há anos atrás foi inventado o ADO, que muita gente ainda não usa porque acha "coisa nova que vai morrer logo". Só que o ADO evoluiu, e se transformou em ADO.NET. Isto significa que a tecnologia foi bem aceita e utilizada.
A mesma coisa para o COM. O COM evoluiu para COM+, e em seguida para o .NET (que é outra evolução do COM). Praticamente tudo o que utilizamos hoje da Microsoft é baseado em COM (Windows, SQL Server, Internet Explorer, MSN Messenger, o próprio Visual FoxPro, etc.). Ou seja, como é que a Microsoft vai matar uma tecnologia que ela própria usa extensivamente.

ASP. O ASP evoluiu (e muito) para o ASP.NET, e também é outra coisa extensivamente utilizada pela Microsoft.

Uma pessoa que não quer estudar uma tecnologia porque esta acabou de ser lançada, não corre o risco de ser chamada de dinossauro. :)
Mas, se a tecnologia é lançada, é bem adotada, e evolui, aí a coisa fica complicada se a pessoa não acompanhar.

Por fim, gostaria de colocar uma filosofia minha, que tem me ajudado muito:

Acho que todos conhecem aquele peixe pacú. Este peixe começa a vida bem pequeno, e na fase adulta, seu tamanho máximo dependerá do ambiente em que ele viver. Se viver em um copo, ficará do tamanho confortável para viver no copo. Se viver em um pequeno aquário, idem. Se viver em um daqueles aquários gigantescos, o peixe ficará grande e gordo, pois o ambiente permite.

O que quero dizer com isto? Se o desenvolvedor sempre pensar: "Mas eu só faço programinhas para padaria, açougue, etc.", ele SEMPRE fará isto, porque está conformado com este tamanho. Agora, se mesmo vivendo esta realidade, o desenvolvedor for se preparando para um mercado maior, certamente se destacará no mercado, e conseguirá coisas muitas melhores na vida.

Diversas vezes estive estudando coisas que não faziam parte da minha realidade naquele momento, mas que em muito me ajudaram no futuro, pelo fato de sempre pensar além da minha realidade atual. É isto que dá margem para o crescimento.

Bom, chega de filosofar, porque estou cheio de coisas pra fazer aqui. :)

Bom, Fernando, agora você vai ver o que virá de pedra. :))))